A cultura de rua pode e deve estar no mainstream.
Assim surgiu o nome Mainstreet, que Orochi carrega
tatuado na cabeça. O cantor, que começou aos
14 anos a percorrer o circuito de batalhas de rap,
fez o seu nome organicamente nas rodas culturais.
Agora, com 2,9 milhões de seguidores no Instagram
e mais de meio bilhão de visualizações em suas músicas
do YouTube, Orochi lança o seu primeiro álbum,
“Celebridade”, só com letras inéditas. Para
contextualizar, rappers como Emicida e Djonga possuem 1,8 milhão e 2 milhões de seguidores respectivamente.
Então de onde vem este fenômeno?
Natural de São Gonçalo, região metropolitana do Rio,
Orochi ficou conhecido em uma batalha perto de onde
morava. O jovem negro, baixo e magro, totalmente
diferente do personagem Orochi do jogo de fliperama
The King Of Fighters, acumulou 21 vitórias consecutivas
naquele espaço. Em 2015, defendendo a sua cidade,
conquistou o título máximo do Freestyle no Campeonato Nacional, que aconteceu em Belo Horizonte, com apenas 15 anos.
Nessa época, Orochi também era integrante do grupo
de rap Modéstia Parte. Emplacou hits como
Te Encontrar, Cálices e Goles Perdidos, somando mais de
100 milhões de visualizações no YouTube até ali. O sucesso
o fez viajar pelo país todo para apresentar o seu trabalho.
Com a carreira consolidada e já conhecido no cenário
hip hop, Orochi foi detido no início de 2019 por porte
de drogas (cannabis) e desacato à autoridade. Estava
a caminho de um show na Região dos Lagos, quando
foi parado pela Polícia Rodoviária. Sabia que a
repercussão do caso poderia prejudicar a influência
que tem para muitos jovens negros de comunidade.
Uma reportagem alegou prisão por porte de arma,
o que não ocorreu. Poderia ser o fim de uma carreira que estava apenas começando. Orochi transformou o pesadelo em música.
Nove dias depois do ocorrido, o rapper lançou “Balão”,
sabendo a importância da sua mensagem no rap. Com
os versos “quase que eu caio na ilusão, na ilusão/Mas
vi que aquilo lá não era pra mim”, ele desabafa por
quase ter caído no mesmo destino de muitos jovens
negros do Brasil. Mas a sua letra mostra como o
caminho da música foi importante para sua vida:
“a mídia não me deu um troféu quando eu fui
campeão nacional. Agora quer me fazer de réu.”.
Conversando com exclusividade com a GQ Brasil,
Flávio César Castro, ou Orochi - como ficou conhecido
no universo do rap -, fala do 1° álbum de estúdio, o sucesso
nas redes sociais e sonhos.